domingo, 29 de abril de 2007

pigs are walking

senhor doutor, perdi a cabeça na fnac... roubei histórias, escondi imagens, trazia palavras, palavras escondidas, desconfiadas na cara de autoridade do segurança mais encorpado que me seguia os passos, os pensamentos, as expressões fechadas da minha cara... os silêncios... até o rapaz da sapo corria atrás de mim... os livros voavam, os discos partiam, os seguranças suaram as estopinhas, já não se atiraram mais à menina da clix, já não se sentia o perfume de óleo de rosas da bulgária... e eu do avesso, possesso... deixei umas notas é certo... mas sobretudo, a cabeça... e talvez, trouxe um pedaço de mim... mas só talvez... ok, não foram só umas notas... foi todo um devaneio de irritação. Foi o jorro de lama e lodo do dia... mato-me a verbalizar cada frustração que tenho, e despejo para dentro, para a merda do gajo que passa a vida a dizer sim, que consegue fazer tudo, que se calhar, até ajudaria um gajo qualquer a carregar uma outra cruz qualquer porque se não vêm penhorar as pulgas mortas que a cadela soltou no tapete persa que está pousado no tecto da entrada de hóspedes da casa do patronato... estas leis da gravidade... e porque o dia teve água a cair de cima, porque o dia teve água a espalhar-se em baixo, porque o dia foi daqueles que passas 4 horas em viagem e não rendes nada no trabalho... foi um dia de merda, um dia de cão... por isso vinguei-me na fnac, fui à fnac comprar cultura... trouxe insanidade, a sanidade in... só não vi os porcos alados...

27.04.06

domingo, 15 de abril de 2007

Doutor… e que faço Às almofadas? Elas voam de um lado para o outro… por cima da minha cabeça! Atacam-me… Tento apanhá-las… fujo delas… São muitas…: Luxúria, Orgulho, Avareza, Inveja, Gula, Ira e Preguiça… São todas de cores diferentes… mas nenhuma é preta, cinzenta ou branca…

sexta-feira, 6 de abril de 2007

óh doutor, cusca-me isto

vi alguém na sombra, vi o suspiro a cantar
vi o som a sair, o armário a ranger
o gritar a sair, vi o gritar na sombra

o armário lá de casa tem personalidade própria... é ele que escolhe, as portas fechadas, as cortinas entre-abertas... o quarto é dele...

é dele e da moeda.

-que quarto é esse?
-é o meu doutor, é o meu... meu e da sombra