sábado, 20 de janeiro de 2007

Estou há exactamente quarenta e cinco minutos à tua espera. Terás aberto o envelope, que singelamente deixei, na mesinha do telefone?
A miúda, já me serviu a segunda dose de uma zurrapa qualquer que a mesma intitula de “o melhor gin importado, do mercado”. Só se for o do mercado negro, de Maputo!!! A gaja está-me a irritar e tu nunca mais chegas! Pavoneia-se, de um lado para o outro, por entre a fumaça e os delírios dos clientes, segurando meticulosamente a bandeja, em três dedos intervalados. Quando me atende, olha – me inexpressiva. Pareço a merda de um escaravelho, num canto da sala! Puta de gaja… até parece que cometi algum crime! Mas que crime?
Se calhar, o crime foi contar-te mais um dos meus segredos. Se calhar, neste momento, deves estar estendida no chão do corredor, agarrada aos teus seios imponentes, a sufocar de tanto te rires à minha custa! Devassa! Se gostasse de mulheres, no momento em que entrasses pela porta da tasca (o que já tarda, diga-se de passagem), enfiava-te a mão pelos cabelos que te cobrem o pescoço e fingiria beijar-te! Mas só sugeriria!
Sou mesmo um raio de um anormal! Assumo aquilo que nunca tive a certeza de o ser, e construo cenários ousados, com uma personagem que nunca pensei, sequer, desejar…
Enquanto não vens, imagino-te a gozar comigo, repetindo vezes sem conta aquela frase aquando da apresentação de filmes do cinema, também eles importados e que levam eternidades a chegar: Coming soon… Coming soon…
Daqui a nada, se não chegas, passo-me ao fresco. Estou a queimar cigarros uns atrás dos outros e tenho que poupar este maço. Afinal de contas só deixo de fumar amanhã! Novamente…

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